Quem está minimamente conectado com os caminhos da inovação no varejo, já deve ter esbarrado com alguma matéria prometendo um futuro incrível, onde drones realizarão entregas diretamente em sua casa, poucas horas (ou minutos) depois de você ter feito um pedido. Esses pequenos quadricópteros prometem não enfrentar trânsito e revolucionar o conceito de área de cobertura deixando os atuais modais de logística para trás.
Será mesmo? Entre a ficção, o desejo e a realidade, identificamos cinco barreiras que podem retardar esse futuro esperado. Acompanhe!
Legislação: precisamos preparar as leis para esse novo mundo
Até a publicação deste post, o fator determinante para que um drone possa ser liberado a voar por sobre a cabeça das pessoas (e assim, chegar até a sua casa) é a revisão da legislação. Hoje, a ANAC determina dois atributos principais para um drone poder circular sem necessidade de registro: distância horizontal de até 30 metros de outras pessoas e um peso total de até 250 gramas.
E mesmo no caso dos registrados, uma série de limitações inviabiliza o uso comercial pesado, ficando restrito a monitoramento rural e filmagens.
Autonomia das baterias dos drones é outro limitador
Mesmo que as leis dessem espaço para usos mais intensos com objetivos logísticos, tecnicamente as baterias dos drones hoje tem curta autonomia. Os mais leves chegam a pouco mais de 40 minutos e os mais estruturados capazes de, por exemplo, carregar câmeras profissionais de grande porte, entre 10 e 15 minutos.
Isso afeta enormemente a área de cobertura hoje atendida pelos meios tradicionais. É como se a cada 20 minutos em média o seu pedido tivesse que parar para, ou trocar de aeronave ou esperar uma carga completa para seguir voando.
Capacidade de carga transportada
Os drones de hoje não carregam muito peso. Até pelo fator anterior: quanto mais pesados, maior o consumo energético. Portanto, na eventualidade de iniciar uma operação de delivery com drones, a carga máxima seria de pouca gramas. Sem feijoada completa pior enquanto, ao que tudo indica. ;)
Segurança para o seu pedido
Vamos àquele choque de realidade? Imagine fazer seu pedido próximo a uma região com alto índice de violência urbana, como acontece em algumas cidades do país. Qual a chance de o drone sofrer alguma avaria no trajeto em função de confrontos com a polícia?
Para não ir tão longe: em muitos municípios do país temos projetos de vias aéreas ainda, com fios em diferentes alturas e configurações por grandes extensões de área urbana. Como realizar a aproximação da casa do cliente com este tipo de barreira?
Massa crítica: é preciso ter público para ter serviço
Descontando aqui experiências que possam acontecer em algumas cidades e que longe de representar realidade comercial sirvam apenas para gerar notinhas na imprensa, um outro limitador para o uso dos drones em larga escala para o segmento de delivery é, paradoxalmente, um mercado potencial para sua adoção.
Sim, fica meio a cobra mordendo o próprio rabo: os drones só decolam no segmento se tiver público e só terão público se decolarem. Até que estudos e pesquisas com o público comprovem indícios de uma adoção acelerada, contudo, o cenário tende a permanecer como o descrito até aqui.